Observatório estima que haja mais armas ilegais do que apreendidas
Ninguém sabe ao certo quantas armas ilegais existem em Portugal, apenas que ascendem às centenas de milhar. De acordo com um documento publicado pelo Observatório Permanente sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras (OPPCPAL), publicado no final do ano passado, apesar de não haver estatísticas fiáveis, o seu número pode ultrapassar as 700 mil, quantidade idêntica ao das apreendidas legalmente.
Nos últimos seis anos, só a PSP apreendeu cerca de 16 mil armas ilegais, ou seja, uma média de sete por dia. Número que sobe para nove se tivermos em conta as apreendidas pelas outras forças de segurança, apurou o DN junto de fonte daquela corporação.
Aliás, 2006 foi um ano recorde em matéria de apreensões. Entre ilegais e legais, chegaram ao departamento de armas e explosivos da PSP mais de dez mil, muitas entregues voluntariamente como resultado da campanha lançada pelo Ministério da Administração Interna que teve por objectivo levar os cidadãos a entregar ou a registar as armas em seu poder, sem qualquer consequência penal. "Foram entregues muitas, apreendemos bastantes, mas sabemos que muitas outras andam por aí", disse fonte da PSP.
Segundo o OPPCPAL, há a "percepção de que o aumento da criminalidade está associado à proliferação de armas ligeiras, reflectindo o aumento do mercado de armas ilícitas". Este "é alimentado por fontes internas [adaptação de modelos em caçadeiras de canos serrados ou pistolas de alarme transformadas], que constituem 60% a 80% do seu número", ou "por fontes externas. Por outro lado, "está a registar-se uma tendência para o aparecimento de armas de maior calibre chegando, mesmo, ao calibre das armas de guerra e de armas automáticas".
As razões para existência deste mercado paralelo são, sobretudo, económicas. O valor de armas transformadas pode ultrapassar o dobro do praticado no mercado legal, sendo que metade é, normalmente, para o transformador. O Norte do País e as zonas limítrofes de Lisboa são os locais onde a transformação terá maior incidência. Tal como a venda, que ocorre sobretudo no Porto e na capital.